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PASTORES, NÓS PRECISAMOS MAIS UNS DOS OUTROS

PASTORES, NÓS PRECISAMOS MAIS UNS DOS OUTROS

“Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho que o Espírito Santo entregou aos seus cuidados, como pastores da Igreja de Deus, que ele comprou por meio do sangue do seu próprio Filho” (At 20.28 – NTLH). Cuidem uns dos outros – aconselha Paulo – isto é, protejam-se mutuamente, unam-se, andem juntos.

Que coisa terrível tem acontecido no meio dos pastores: Em sua maioria os pastores isolam-se. Falta de confiança uns nos outros, medo da concorrência, visão superior à dos outros, entre outros motivos, talvez, possam explicar tal fenômeno. Tudo depende da situação em que esse pastor se encontra, se ele faz parte de uma grande denominação, ou se ele é pastor de uma pequena denominação, de qualquer forma o isolamento é uma constante na vida dos pastores.

O isolamento temporário, momentâneo com um propósito é benéfico, mas isolamento que se transforma em solidão é extremamente prejudicial e, infelizmente, o denominacionalismo frenético e desenfreado tem provocado isso. Cada denominação se tornou o todo e não parte de um corpo com muitos membros.

Por todos lados pastores também precisam de ajuda, aconselhamentos, diretrizes, alguém que os possa ouvir, ouvir os seus desabafos, coisas que suas esposas não podem ouvir, pois elas já têm uma carga enorme sobre suas vidas. Coisas que seus líderes não podem ouvir, pois poderia prejudicar sua avaliação e talvez a promoção tão sonhada e desejada tenha que ser adiada. Coisas que os seus diáconos não podem ouvir, pois tem em seu pastor um espelho, um modelo, a ser imitado e copiado.

Existem diversos tipos de modelos de reuniões pastorais, podem ser as reuniões de conselhos de pastores, ou os cafés promovidos por associações pastorais, etc., nenhuma serve para comunhão, unidade, fortalecimento uns dos outros, nessas reuniões ninguém está disposto a ouvir o outro. Na maioria das denominações existem as reuniões de pastores, em que sentam uns atrás dos outros olhando para a nuca de quem está assentado a frente, prestando atenção ao que o preletor está falando, depois tem a hora do almoço, vem mais uma rodada de palestras, prestação de contas, e depois todos vão para suas casas ou ainda para suas congregações locais porque pregarão a noite.

O isolamento da maioria dos pastores é prejudicial e nocivo ao ministério. Vemos muitos pastores trabalhando demais, desgastados, cansados, com resultados que não são considerados satisfatórios. Além disso há grande migração de membros, com pessoas rodando entre as denominações buscando alguma coisa que nem elas sabem o que é. Qualquer novidade que aparece há uma revoada, além daquelas denominações que são pescadoras de aquário. E quando o casal de pastores tem problemas, a quem procurar para um aconselhamento, para ouvir as queixas, para orarem juntos, etc?

Há dois tipos de isolamentos: 1) aquele que é momentâneo, em que o servo de Deus usa o tempo para buscar o Senhor, para ter comunhão com Ele, para conhecer a Sua vontade, para se encher ainda mais de unção, poder e autoridade e o 2) isolamento que é provocado pelas decepções, desconfianças, traições, etc., que se transforma em solidão.

O Profeta Elias era um homem sujeito as mesmas paixões, muito semelhante a mim, e com certeza semelhante a você. Apareceu do “nada”, foi extremamente poderoso fazendo sinais e maravilhas e após o sucesso experimentado foi ameaçado e sentiu medo. Caminhou durante 40 dias e noites e foi se esconder em uma caverna, aprofundando ainda mais o isolamento. Mas depois deste tempo Deus lhe apareceu e lhe falou. Após um período de isolamento Deus lhe apareceu. E após cumprir as instruções que Deus lhe deu, um dia, milagrosamente, um carro e cavalos de fogo, apareceu e Elias foi levado aos céus num redemoinho. Quantas pessoas conhecemos que foi elevado os céus desta maneira? No entanto, quantos pregadores tenho ouvido ao longo dos anos que falam de Elias por ter se escondido na caverna. Quantas vezes ouvi esta expressão: “estava na caverna?”

Outra pessoa que foi levado ao isolamento, depois de provocar um grande avivamento foi o Diácono Filipe (ver Atos 8:5 em diante). Esta obediência o levou ao deserto, e lá depois de esperar, não sei o tempo, apareceu um homem numa carruagem. Filipe, orientado pelo Espirito, se chegou a carruagem, iniciou uma conversa e a partir daí pregou a Cristo a um homem de uma nação distante. Este homem creu e foi batizado. O homem era mordomo da rainha da Etiópia, e diz alguns historiadores que este homem levou o Evangelho a Etiópia. Fruto da obediência de um homem que não recusou o isolamento temporário. Será que hoje alguém que estivesse sendo usado por Deus para promover um avivamento em uma cidade, iria obedecer ao chamado de ir para o deserto e sozinho? Pastores, profetas estão fadados ao isolamento, pois aí conseguimos ouvir a Deus. Afinal descobri que o isolamento não é tão ruim assim.

O próprio Senhor Jesus se isolava dos discípulos e principalmente da multidão para ter comunhão com o Pai. Mas veja que mesmo nesses momentos de isolamento ele levava a Pedro, Joao, e Tiago para estarem próximos a ele, claro que algumas vezes ele se afastava por completo, mas eram momentos e não o tempo todo.

Eu sei o que é isolamento, ainda que vivendo entre muita gente, provocado pela vida ministerial, sobretudo para quem está numa grande denominação. Vivi alguns anos entre a Europa e a África pastoreando igrejas, sendo pastor de pastores, trabalhando muitas vezes 18 horas por dia, ajudando a muitos, mas em muitos momentos cruciais do ministério sem ser ajudado por ninguém. Mesmo tendo um pastor sobre minha vida, quase não podia contar com ele, nem com sua oração, ou mesmo com sua companhia, apesar de estarmos juntos muitas vezes durante o ano e de nos falarmos quase que diariamente por telefone ou por e-mail. E por quê? Porque entre nós havia um relacionamento de patrão e empregado, ou de diretor e gerente. Quando eu precisava de ajuda estava sozinho. O meu pastor cobrava os meus frutos, os meus resultados e, sobretudo os meus resultados financeiros.

Hoje vivo numa outra dimensão, sou líder de um ministério que tem projetos espirituais e sociais, porém as vezes sofro com o isolamento prolongado, mas não deixo chegar a solidão. Pessoalmente tenho alvos espirituais a serem atingidos, estou à busca de um evangelho puro, santo, estou desejando a plenitude do Espírito Santo para que minhas palavras não persuadam a ninguém, muito menos minha sabedoria, mas todos aqueles que venham a me ouvir possam ser convencidos pela demonstração do Espírito e Poder e possam ter sua fé apoiada no Poder de Deus. Por não querer nem aceitar o modelo híbrido imposto em nossos dias, tanto no louvor quanto na pregação, fiquei mais seletivo, e consequentemente mais isolado. Mas, como já afirmei não é todo ruim, aliás é precioso. Afasta-nos dos homens, mas nos aproxima de Deus. Aprendi com um homem de Deus a maneira antiga que o isolamento momentâneo, provocado, pode trazer proveitos e que depois desse período vem a recompensa.

Em meus 40 anos de ministério e 25 anos de ordenação pastoral, sendo pastor de pastores entendo perfeitamente as necessidades, as dificuldades do ministério e dos ministros e por isso estou sempre à procura de meios para ajudar meus companheiros, relacionando-me com eles, dando-lhes tempo, ouvindo-lhes, emprestando-lhes, doando-lhes e a minha conclusão é: PASTORES, NÓS PRECISAMOS MAIS UNS DOS OUTROS!

Por que não podemos confiar uns nos outros? Por que não podemos estar mais juntos? Por que não podemos ser confidentes e apoiadores uns dos outros?

Quando Jesus enviou os setenta discípulos, os enviou de dois em dois (Lucas 10:1). Eclesiastes 4:12 diz: Dois homens podem resistir a um ataque que derrotaria um deles se estivesse sozinho. Uma corda de três cordões é difícil de arrebentar. Jesus Cristo orou por nós, seus discípulos, para que fossemos um, assim o mundo iria crer que Ele foi enviado (João 17). O isolamento é diametralmente oposto a esta oração e aos seus efeitos.

Trabalhar ajudando colegas de ministérios deveria ser dever de todo pastor. Ao longo dos anos aprendemos que o pastor precisa ser também pastoreado, cuidado e compreendido por outros colegas de ministério, sem pretensão alguma; sem interesses pessoais, a exemplo de Barnabé que ajudou a Paulo a se erguer ministerialmente. Isso faz parte da unidade do Corpo de Cristo (Igreja).

Paulo ensinou aos romanos que nós somos um só corpo com muitos membros, temos funções diferentes, mas somos um só (Romanos 12:4-6ª NTLH):  Porque, assim como em um só corpo temos muitas partes, e todas elas têm funções diferentes, assim também nós, embora sejamos muitos, somos um só corpo por estarmos unidos com Cristo. E todos estamos unidos uns com os outros como partes diferentes de um só corpo. Portanto, usemos os nossos diferentes dons de acordo com a graça que Deus nos deu.

Sim, usemos os dons de acordo com a graça que Deus nos deu para apoiar, ajudar, amparar, ouvir, cuidar, interceder, erguer as mãos uns aos outros, sem pretensão alguma; sem interesses pessoais.

Conclusao:

PASTORES, NÓS PRECISAMOS MAIS UNS DOS OUTROS!

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