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Definindo o que é PROSPERIDADE

Definindo o que é PROSPERIDADE

Inicialmente vamos pôr a base correta, a fim de conhecermos a definição bíblica de prosperidade, somente depois de obtermos conhecimento poderemos partir para a correção do que está errado, evitando os perigos do espírito do erro que tem se alastrado tão profundamente nas últimas décadas.

O que é prosperidade?

– Condição de estar bem de vida (Salmos 30.6; 1ª Coríntios 16.2). De uma maneira genérica: ter as necessidades supridas pelo poder de Deus!

No grego há duas palavras que indicam prosperidade euporia e euodoo, vejamos:

Euporia aparece em Atos 19:25, quando os artesãos da deusa Diana reclamavam da possível perda de receitas pela conversão de diversas pessoas a Cristo, abandonando a idolatria, pois diziam que seu oficio vinha a prosperidade (riquezas, recursos, bens)

Euodoo aparece em 1ª Coríntios 16:2, quando Paulo adverte a Igreja para que façam as coletas para ajudar aos santos antes da chegada dele, e cada um de conforme a sua prosperidade (ser bem-sucedido, ter a garantia de um bom resultado; ser afortunado, passar bem, prosperar, agir bem). Mas essa prosperidade também tem um sentido de ter uma viagem rápida e bem-sucedida, conduzir por um caminho fácil e direto, uma metáfora para curso de conduta, forma (i.e. modo) de pensar, sentir, decidir.

No hebraico há três palavras associadas a prosperidade: shalowm ou shalom, shalvah e toub

Shalowm ou shalom, aparece diversas vezes no AT (Ester 10:3, Salmos 35:27, Salmos 73:3,  e tem o sentido de completo, saúde, bem-estar, paz, totalidade (em número), segurança e saúde (no corpo), paz, sossego, tranquilidade, contentamento, paz e amizade (referindo-se às relações humanas), paz com Deus (especialmente no relacionamento proveniente da aliança), paz (referindo-se a guerra), paz (como adjetivo)

Shalvah também aparece no AT (Salmos 122:7, Provérbios 1:32, Jeremias 22:21) e tem o sentido de tranquilidade, sossego, prosperidade – mais amplamente: estar em repouso, prosperar, estar tranquilo, ter sossego, estar ou ter tranquilidade, estar tranquilo.

Toub aparece no AT Jó 21:13, Eclesiastes 7:14 e tem o sentido de bom, agradável, amável; amável, agradável (aos sentidos); agradável (à mais alta índole); bom, excelente (referindo-se à sua espécie); bom, rico, considerado valioso; bom, apropriado, conveniente; melhor (comparativo); satisfeito, feliz, próspero (referindo-se à natureza sensitiva humana); boa compreensão (referindo-se à natureza intelectual humana); bom, generoso, benigno; bom, correto (eticamente); uma coisa boa, benefício, bem estar, felicidade; coisas boas (coletivo); benefício; bem moral; generosidade.

Posto a base bíblica correta, vamos procurar entender onde está o erro nessa doutrina, pois pelo que podemos observar, a única vez que prosperidade está associada a riqueza, recursos, bens também está associada a idolatria, não é interessante isso? E idolatria está associada a avareza, a qual também está associada a prostituição.

Sabemos que o AT era a sombra do caminho de Jesus Cristo vindo até ao cumprimento do plano divino estabelecido, por isso os homens do passado possuíam tantas riquezas, eram uma tipificação da pessoa de Jesus Cristo, uma tipificação do que é o céu. O próprio tabernáculo foi dado por Deus à Moisés e o modelo deveria ser fielmente seguido, sem nenhuma mudança ou alteração pois apontava para Cristo. Quando Cristo veio se despojou de toda a Sua gloria e de toda a Sua riqueza. Então é uma apologia à pobreza? Não! Mas colocar em ordem e no seu devido lugar o que realmente interessa e onde devemos ter nosso coração, porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração (Mateus 6:21).

Quando Jesus iniciou o seu ministério foi ao deserto para ser tentado, e assim foi em 3 áreas e uma delas foi a da riqueza, na versão NTLH: “Eu lhe darei todo este poder e toda esta riqueza” e na versão RC: “Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória”. E Jesus, respondendo, disse-lhe: “Vai-te, Satanás, porque está escrito: “Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás.” (Lucas 4:5-8). A riqueza é um senhor e é escravizador, exige devoção e se opõe a Deus.

Joao Batista foi o último e maior profeta do AT e veio como anunciador de Cristo e já ditando como seria a simplicidade do Evangelho que Cristo anunciaria: “E este João tinha o seu vestido de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.” (Mateus 3:4). O próprio Jesus declarou: “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mateus 8:20).

Então é para ser pobre? É proibido ter riquezas? Se amar mais as riquezas do que a Deus, sim é proibido. No entanto se tiver o coração de um mordomo e saber que tudo pertence a Deus e deve ser usado a serviço Dele e de Sua obra, então é permitido. Consegue perceber isso? “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores.” (1ª Timóteo 6:10) . E não é que vemos muitos se desviando da fé e outros tantos se tornando falsos profetas, mestres, pastores e apóstolos por amarem mais as riquezas do que ao Evangelho?

Jesus Cristo é conhecedor dos corações, as atitudes contam muito diante Dele. E Ele deixou isso muito bem claro isso num episódio com um jovem muito rico, possuidor de muitas propriedades. Podemos verificar esta história em Mateus 19:16-24, Marcos 10:17-25, Lucas 18:18-25: Um homem muito rico, possuidor de muitas propriedades, segundo Lucas um príncipe, cumpridor dos mandamentos da lei. Jesus o amou, segundo Marcos, porque viu o seu coração, apesar de ser tão temente e cumpridor dos mandamentos amava mais as suas riquezas e era muito difícil para ele, e Jesus disse no final desse episódio aos discípulos: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.”

Na sequência os discípulos lembraram a Jesus que largaram tudo, e podemos ver isso com Pedro e André – Mateus 4:20, Tiago e João – Mateus 4:22, Mateus – Marcos 2:14. E Lucas ainda afirma que após a pesca, (Lucas 5:11), com os barcos lotados de peixes (quase afundaram com tanto peixe): “E, levando os barcos para terra, deixaram tudo, e o seguiram.”

O que respondeu Jesus a eles? Marcos 10:29-30 – E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do Evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no século futuro a vida eterna.

Desde o início os discípulos entenderam isso e Lucas nos revela mais três situações de discípulos que deveriam seguir a Jesus em Lucas 9:57-62

E aconteceu que, indo eles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores. E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.

E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai. Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vais e anuncias o reino de Deus.

Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa. E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.

O que tudo isso nos mostra, sobretudo no caso dos que servem a Deus como ministros da Palavra? Que é necessário total desprendimento das coisas terrenas, de com alguns alertas da Palavra de Deus:

Lucas 12:15 – E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.

Efésios 5:3 – Mas a prostituição, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos;

Colossenses 3:5 – Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;

Tudo isso está associado a Mamom: Palavra aramaica que significa “riquezas”, as quais podem tornar-se um deus para as pessoas (Mt 6.24) – mammonas (de origem aramaica (confiança, i.e., riqueza, personificada); Mâmon, tesouro, riqueza (onde personificada e oposta a Deus). Mateus 6:24 – Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.

Então como podemos ter uma teologia ligada à prosperidade, ou mais diretamente, uma teologia que apela as riquezas terrenas como sinal de bênçãos celestiais? O Apóstolo Pedro nos explica: “E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.” (2ª Pedro 2:3)

O Apóstolo Pedro, juntamente com os outros apóstolos recebiam todas as doações dos irmãos e não era pouco, mas ao ser interpelado, juntamente com João, à porta do templo, declarou a um pedinte e enfermo: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho isto te dou…” (Atos 3:1-11). O problema dos nossos dias é exatamente o oposto: os apóstolos e a liderança eclesiástica da maioria das denominações evangélicas, até mesmo a apóstata e herética igreja católica têm muito ouro e prata, mas não têm Jesus.

Suas ofertas e seus dízimos são dados por amor a Jesus e ao Evangelho e não compram bênçãos, cura, prosperidade. E mesmo estes têm uma finalidade: suprir a necessidade da Igreja, ao mesmo tempo que permite a pregação do Evangelho, a manutenção dos obreiros que são dignos do seu salário (I Timóteo 5:18), permite que não haja necessitados na Igreja, como era na Igreja Primitiva descrita no por Lucas no livro dos Atos dos Apóstolos.

Isto é a verdadeira prosperidade!

 

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